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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Paraguaçú!

O Toledão apareceu na Pousada Tropical na moto do Sorvetinho, para me levar a ver o Oceanite (sobre a pensão não pretendo fazer publicidade porque na verdade, apesar de não estar mal, deram o dito por não dito sobre o preço negociado e queriam cobrar-me o dobro para a segunda noite. Está claro que… mudei de poiso!).
O Oceanite é um barco de construção francesa equipado para travessia oceânica. Mede 7,3 metros e pesa mais de 450kg. No terceiro dia que estive a remá-lo o vento deu-nos forte e eu mal conseguia movê-lo do sítio até que me ocorreu remar para trás e, de facto, a resistência é menor porque o cockpit corta o vento em vez de fazer de vela. Após a luta de 4,5horas passei a chamar ao barco ‘The Beast’! Porque arrastar este menino de volta para o ancoradouro provocou-me dores musculares (trapézios, deltóides e dorsais), sanáveis com um pain-killer tipo paracetamol, mas não desprezáveis.
A experiência deu-me uma nova perspectiva sobre a brincadeira… Qualquer distracção pode provocar-nos um desequilíbrio a que se pode seguir um mergulho forçado, um corte numa mão, ou uma contusão num tornozelo. Para não falar de algum escaldão no peito do pé, ou do cérebro zonzo durante dias, após uma noite mal dormida a bordo sob condições de balanceio constante. Na manhã do segundo dia antevi a facilidade com que me poderia vir a sentir como um ‘bicho’ em apenas alguns dias, quanto mais em meses! Refiro-me ao desconforto, à rotina higiénica e à exiguidade do espaço.

Acabo de chegar de Santos, no Brasil. O Toledão, José Toledo, é o dono do Oceanite (ele tentou a travessia em 2008 mas sofreu um percalço a 500 km da sua meta). O barco está agora a caminho do estaleiro para revisão e pequenas adaptações e vai mudar de nome para ‘Paraguaçú’ (explico porquê na próxima crónica). Em breve virá para Portugal num ‘contêiner’ (como eles escrevem), possivelmente para o Algarve.
Numa apresentação em Novembro, na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, anunciei por primeira vez, publicamente, a minha intenção de atravessar o oceano Atlântico num barco a remos, em solitário. Agora, após vários dias a experimentar um barco no Brasil, onde conheci gente muito simpática que sem me conhecer me transmitiu a ‘maior força’, confirmo aquele anúncio de forma ‘oficial’! A máquina está em marcha!
Às entidades patrocinadores e apoiantes, lanço o desafio de formalizar os acordos, de modo a poder referi-las nos posts e crónicas e a colocar os seus logotipos nos blogues, cartões de visita, t-shirts e autocolantes.

Ao pessoal de Santos (Douglas, fabricante dos kayaks de turismo e canoas havaianas Pili Ohana ou, ‘grande família’; Don e Dani, da escola de canoagem Rapa Nui, que organizam actividades com populações desfavorecidas; e Fátima), ao C. Motta e ao grande amigo Amadeu, que confirmou o seu apoio como uma espécie de ‘guia espiritual’ durante a travessia, um obrigado e um forte abraço!
José Tavares

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